sábado, 27 de fevereiro de 2010

Enjoyse, Vàdove Ti Porta Il Cuore

Dando de comer para os gatos,
E abrindo champagne pros ratos
Que farejam o queijo mofado
De um prato quente quebrado

Pelicanos no telhado,
Corvos piscam olhos ligados
Num jogo frenético
De dois desvairados

Parceiros de loucura
Amigos por ternura
Coelho e Serelepe
Uma dupla de pileque

Viciados em palavras
E poesias desgraçadas
Mente conectada
Por uma sanidade enjaulada

Amar é linha, ela disse
Testando nossa velhice
Sem limite para terminar
Sem nenhum medo pra começar

Quando a viagem sufoca
A liberdade nos manda pra toca
Prisioneiro da escolha
Nosso mundo agora é uma bolha

Tentando viver diferente
Sem amargar o dente
Podemos nos encontrar?
Quem sabe, podemos mudar

Vigiados por olhos amigos
Verdades vividas em abrigos
Condenados pela corte do rei
Sobre o que aconteceu os dois ditaram a lei

(From
Beatnik de Boutik)

I am your father!

Céus

No ínicio dos anos 80 meus pais compraram uma casa em Imbé. Naquela época Imbé era só a continuação de Tramandaí, não tinha vida própria. Em um verão o transformador que ficava em frente a nossa casa explodiu. O resultado foi um apagão, no até então, pequeno balneário. Quando a CEEE (que ainda era uma estatal) apareceu para arrumar a confusão, os pobres veranistas entendiados acharam um divertimento. A frente da nossa casa ficou lotada. Centenas de pessoas acompanhando a troca do transformador. Me lembro que sentei com os meus amigos, e provavelmente o Caco também, no gramado da nossa casa. Em determinado momento me deitei na grama. Nesse momento vi uma imagem que guardei por todos esses anos na minha mente. Um céu verdadeiramente estrelado. Milhares de pontos luminosos em frente ao fundo preto. Fiquei maravilhado com aquilo.

Acho que sempre tentei rever esse céu. Quando achava que teria a oportunidade, lá estava eu olhando para cima. Devo ter visto, mas nenhum me levou de volta a aquele verão longínquo.

Graças a alguns amigos, que não se enquadram no tipo de amizade que muitos esperam de mim, fiz essa viagem no tempo. Lá estava ele outra vez. Iluminando um cenário onde o sagrado e o profano dividiam seus espaços de forma harmoniosa. Onde egos eram avacalhados e a contra cultura ditava o ritmo das conversas. Estrelas cadentes caiam a todo instantes (fiquei com crédito de pedidos) e sapos, grilos e pássaros fizeram daquela noite um barulho intenso só. Fui catapultado do mundo ordinário para um lugar estranho para mim. É, viemos do macaco, mas hoje o mato é um lugar estranho. Acho que por isso voltei para aquele dia de verão. Foi bom vê-lo novamente.

O céu era o mesmo, mas a forma de olhar mudou.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

No Way Back

Monstros

Lento e ingênuo, mas comovente. Gostei.

Comentário

Vou fazer um comentário sobre o post anterior. Ficou vago demais. Não entrei em detalhes. Só que eu não posso. A grande confusão é entre o racional e o emocional. O racional é minha zona de conforto, já o emocional é confuso.
O racional é um barquinho dentro de uma piscina de plástico. Chato.
O emocional é um elefante em um tobogã. No fim pode arrebentar muita coisa. Se não acontecer isso, é sensacional.
Só que como eu disse antes, chega de ficar dentro da piscina. Descer no tobogã é mais divertido.

É, mais um post vago.
Preciso parar de pensar. Vou arrumar meu armário.

U-hu!

Por um bom tempo achei que podia planejar e dominar a minha vida. A alguns anos atrás assumi um papel que muitos ao meu redor esperavam de mim. Hoje vejo que acabei perdendo algum tempo. Seria algo como imaginar uma estrada e várias saídas. Eu tinha a opção de ficar nela ou escolher um outro caminho. Sempre decidia ficar no caminho que eu estava. Até que o caminho começou a ficar monotono e não estava me levando a lugar algum. Um dia entrei numa dessas saídas sem saber onde eu iria sair.
A partir desse momento muita coisa mudou. Comecei a viver um momento "u-hu" (essa expressão não é minha, mas achei sensacional). É algo como apertar a tecla "foda-se". É muito bom fazer isso, mas ao mesmo tempo não deixa de ser assutador. Assustador por que a gente nunca sabe o que vai acontecer. Perdi o controle de tudo, mas acho que tenho vivido as coisas mais intensamente. O maior medo era sempre de quebrar a cara. Só que isso é inevitável. Melhor cair e levantar do que viver se arrastando.
Nesse momento entrei numa dessas saídas. O cara conformado ainda existe em mim, mas o cara "u-hu" está mais forte. Como nos desenhos estou com o anjo e o diabo nos meus ombros. O mais racional já me deu a resposta que eu preciso, o "u-hu" só dá risada. Eu só não descobri ainda quem é o anjo e quem é o diabo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Projetor

Baseado em fatos reais.

Aquela era uma noite especial. Depois de um mês bem comportado, aquele seria o momento da forra. Ele a conheceu na academia. Sempre que tinha oportunidade conversava com ela. Um dia criou coragem e a convidou para sair. Ela aceitou. Saíram para jantar, foram ao cinema e a balada da moda. Ficaram. Nada além de beijos. Dessa noite ela não passava. A janta seria em sua casa. Preparou cada detalhe. Iria estreiar o projetor que comprou em Rivera. Último modelo. O plano já estava traçado. Jantar e depois ver um filme no potente projetor. Cinema em casa. Na falta de uma tela ele improvisou com a cortina. Fechou-a e testou a imagem. Perfeita. A cortina branca fechada resolveria a questão.
O porteiro toca. É ela. Sorridente ele a recebe com um beijo. Juntos comem o sushi que ele pediu. Uma garrafa de vinho para acompanhar. Nervoso ele observa o projetor, ali estava a sua salvação. Mais uma garrafa de vinho.
- Vamos ver um filme? - Ele pergunta
- Claro.
Ele prepara o cenário. Fecha as cortinas. Liga o DVD e o projetor.
- Já assistou "Crepúsculo"? Tirei para a gente ver.
- Não vi ainda. Estou louca para ver.
Tudo funcionando. O aparelho lança a imagem na cortina. Mal o filme começa eles se beijam. O clima esquenta. As carícias ficam mais ousadas. O plano estava dando certo.
- Não tem um filme mais animado? - Diz ela maliciosamente no seu ouvido.
O frio toma conta de sua barriga. Filmes animados? Sim, vários. Brasileiros, americanos, italianos e até japoneses. Ele nem pensou nisso. E no novo projetor? Meu Deus, que maravilha. Ele pega o primeiro filme animado que encontra. Coloca no DVD. A imagem surge na cortina. Ele pula para o sofá. O plano deu certo.















Naquela noite o vigia da rua se divertiu muito.