sábado, 27 de fevereiro de 2010

Céus

No ínicio dos anos 80 meus pais compraram uma casa em Imbé. Naquela época Imbé era só a continuação de Tramandaí, não tinha vida própria. Em um verão o transformador que ficava em frente a nossa casa explodiu. O resultado foi um apagão, no até então, pequeno balneário. Quando a CEEE (que ainda era uma estatal) apareceu para arrumar a confusão, os pobres veranistas entendiados acharam um divertimento. A frente da nossa casa ficou lotada. Centenas de pessoas acompanhando a troca do transformador. Me lembro que sentei com os meus amigos, e provavelmente o Caco também, no gramado da nossa casa. Em determinado momento me deitei na grama. Nesse momento vi uma imagem que guardei por todos esses anos na minha mente. Um céu verdadeiramente estrelado. Milhares de pontos luminosos em frente ao fundo preto. Fiquei maravilhado com aquilo.

Acho que sempre tentei rever esse céu. Quando achava que teria a oportunidade, lá estava eu olhando para cima. Devo ter visto, mas nenhum me levou de volta a aquele verão longínquo.

Graças a alguns amigos, que não se enquadram no tipo de amizade que muitos esperam de mim, fiz essa viagem no tempo. Lá estava ele outra vez. Iluminando um cenário onde o sagrado e o profano dividiam seus espaços de forma harmoniosa. Onde egos eram avacalhados e a contra cultura ditava o ritmo das conversas. Estrelas cadentes caiam a todo instantes (fiquei com crédito de pedidos) e sapos, grilos e pássaros fizeram daquela noite um barulho intenso só. Fui catapultado do mundo ordinário para um lugar estranho para mim. É, viemos do macaco, mas hoje o mato é um lugar estranho. Acho que por isso voltei para aquele dia de verão. Foi bom vê-lo novamente.

O céu era o mesmo, mas a forma de olhar mudou.

Um comentário:

Caco disse...

Cara, eu lembro desse dia... mas do céu não. Porque tu só me conta isso agora? Sacanagem.